Quando o céu se anuviava em cinza e os ventos varriam as calçadas e os telhados da casa, Luiza, minha bisavó, queimava as palmas que pegara na Procissão de Ramos, agarrava-se à imagem de Santa Bárbara e acendia uma vela. Depois cobria os espelhos da casa, escondia as facas e tesouras, murmurando estranhas palavras, rezas que sua mãe lhe ensinara e que suas netas e bisnetas já não queriam aprender.
Na solidão de seu quarto, Luiza domava a tempestade que caía lá fora, trazendo-a para seus olhos, derramando-se em lágrimas. A modernidade e a pressa nos impediam de acarinhá-la e rezar a seu lado... Luiza morreu sem me ensinar suas rezas. Levou-as com ela, deixando-me órfã nas noites de tormentas.
Mas como dizia Vitalina, "tudo que se procura, se acha", hoje dedico os meus dias a procurar as rezas que Luiza um dia tentou me ensinar.
texto extraído do meu livro, Guadalupe e as Bruxas, publicado pela Editora Planeta
terça-feira, 25 de março de 2008
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2 comentários:
As vezes se acha o que não se procura tambem......bendito seja a não ação Taoista......otimo blog..parabens
pôxa como é incrível poder te ter mais perto...poder conhecer tua família em fotos pois jáconheço muitos fatos...ah bruxinha amiga você mora no meu coração!!!
tudo de bom prá você sempre!!!
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