terça-feira, 25 de agosto de 2009

Caixas & Orfandade

Seis dias órfãos. Seis dias de vãs tentativas de guardar cheiros, sorrisos, toques, suspiros, olhares... dentro de caixas. Mas caixas só guardam roupas, sapatos e objetos. Caixas não guardam almas. Caixas são desalmadas. Caixas encaixotam corpos que ficam largados, esquecidos em buracos ocos. Caixas sufocam, caixas desalmam...
Amor a gente guarda no coração sangrado, apertado de lembranças que morrem de medo de um dia serem esquecidas...

Obs: não tenho palavras para agradecer o carinho que recebi de amigos tão especiais. É tão bom ter amigos...

Obs2: na foto, Maria Luiza, minha mãe, ainda menina. Dando um tchau para nós.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Maria Luiza, Letes & Anjo


Ontem, as oito e meia da noite, um anjo levou Maria Luiza Pereira Frazão, minha mãe, para as terras do Letes.
Partiu dormindo, sonhando com os seus mortos que da outra margem do rio acenavam. Me deixou órfã, solitária como um quebra-cabeças faltando mil peças...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Fantasma de Chet Baker


Eu devia ter desconfiado quando de repente a bolacha negra surgiu do nada na velha loja de livros velhíssimos. O que faria uma bolacha negra no meio de poeira e traças, exibindo-se em balé de 33 rotações? Seria algum recado da cantora de blues que se mostrava - mostrava não, se insinuava - nas últimas frases da Náusea de Sartre? Mas Sartre já tinha morrido e os anjos já o tinham entupido de sal de andrews. Simone já estava ao seu lado e já tinham até alugado um conjugado no céu... Não, não era a cantora de jazz nem o estômago delicado do filósofo. A bolacha vinha de algum lugar do Além que ficava além de minha nauseada imaginação.
Está certo, confesso, eu andava meio nauseada, meio desligada, tão meio desafinada que entrara na loja à cata de um livro qualquer de auto-ajuda - pode rir, é pra rir mesmo - de qualquer livro de no máximo oitenta páginas burramente distribuídas em cento e oitenta parágrafos que dissessem absolutamente nada. Nada do ser e do nada nem de filosofias que me confirmassem que não há nada mais cruel que ter idéias na cabeça. Eu precisava de um tudo estofado como um sofá das Casas Bahia, de preferência em suaves prestações, comprado com um cartão de crédito que o livrinho certamente me ensinaria como obter...
Foi no intervalo entre o desejo de me perder de "si" e me achar em "dó" de mim financiado pela Fininvest ou qualquer coisa que não valha que a bolacha rodopiou aos meus pés. Estiquei os olhos e lá estava Chet Baker, o fantasma que não era de Bakersville, mas uivava para a lua com um trumpete. Lá estava ele, saído do Nada da cantora da Náusea, do Uivo de Guinsberg e das estradas de Kerouac. Me olhou com aqueles olhos de belas heroínas e me chamou para dançar. Dançar?! Eu estava ali para encontrar o Graal da mediocridade em suaves prestações! Eu já tinha jogado fora todos os meus livros e os meus discos de jazz. Agora eu queria mais era jazer numa vida despreocupada, embalada por churrasco, cerveja e piadas idiotas. Eu queria aprender de cor todas as marcas de carros (parei no chevete), aparelhos eletrônicos e tralharias digitais. E lá me vinha Chet Baker numa hora dessas me chamar para dançar? Ele e sua heroína que continuassem a girar em trinta e três rotações. E que engolissem a agulha de diamante. Eu mesma já tinha jogado a vitrola fora...
Mas por artes da heroína de Chet ou do ácido lisérgico que os anjos cismam em misturar ao ar dos poetas, a bolacha começou a tocar sozinha. O que fazer? Como não fugir de "si" no "sol" de tanta música? E foi naquele segundo em que Chet começou a tocar que desisti da mediocridade medíocre de vencer na vida com titica na cabeça e, uivando os primeiros versos do Uivo, coloquei fogo na prateleira dos livros de auto-ajuda. Levei Chet para casa e dançamos a noite toda ao som de My Funny Valentine...

Chet

Chet

Home Sweet Home

Home Sweet Home
Que buraco é esse que me faz comer a geladeira?

Livros & Livrarias

Livros & Livrarias
Livrarias são janelas. Livros olham o mundo.Livrarias libertam. Livros revolucionam.

Senhoras do Santíssimo Feminino

Senhoras do Santíssimo Feminino
O poder sagrado Delas.

A Pergunta de Lacan

A Pergunta de Lacan
O mistério do gozo das mulheres

Afrodite & Panelas

Afrodite & Panelas
E no princípio era a GULA...

A Casa

A Casa
O mundo olha pelas nossas janelas...

Um Lance de Dados

Um Lance de Dados
Jamais abolirá o acaso

O Caldeirão

O Caldeirão
Ele não está no final do arco-íris

Armário e Gavetas

Armário e Gavetas
O que será que eles revelam?

Minha Cozinha

Minha Cozinha
Onde tudo começou.

Meus Segredos

Meus Segredos
Laços e refogados culinários

Nossas Luas

Nossas Luas
E são treze...

Seduções & Devaneios

Seduções & Devaneios
Eu o escreveria mil vezes!

Guadalupe, a Santíssima Mestiça

Guadalupe, a Santíssima Mestiça
Como amei descrevê-la!

Amor e Cozinha

Amor e Cozinha
Foi uma delícia escrevê-lo!