
Margarida não lia o tarô: lia as cartas. Lia sem que você pedisse. Por puro prazer e "necessidade". Se você não se interessasse em saber o que nas cartas estava escrito, ela não se importava e lia do mesmo jeito. Em silêncio.
Depois, levantava-se da mesa, guardava o baralho numa gaveta do móvel da sala, ia até a cozinha, pegava um copo d'água e o levava até o quarto. Depositava-o em silêncio sobre a mesinha de cabeceira, entre as imagens de Nossa Senhora da Glória, Santa Edwiges, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora Aparecida, Menino Jesus de Praga, Santo Antônio e mais alguns anjinhos. Sentava-se então na beirada da cama e rezava baixinho.
Se a reza se dava por aquilo que vira nas cartas ou por culpa de a elas ter recorrido ( Margarida era católica apostólica romana e temente a Deus ), isso não vem ao caso. Rezava em busca de um horizonte que as janelas do apartamento não mostravam. "Rezava para não chorar!", Vitalina certamente diria.
Texto extraído de meu livro Guadalupe e as Bruxas, publicado pela Editora Planeta.
Depois, levantava-se da mesa, guardava o baralho numa gaveta do móvel da sala, ia até a cozinha, pegava um copo d'água e o levava até o quarto. Depositava-o em silêncio sobre a mesinha de cabeceira, entre as imagens de Nossa Senhora da Glória, Santa Edwiges, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora Aparecida, Menino Jesus de Praga, Santo Antônio e mais alguns anjinhos. Sentava-se então na beirada da cama e rezava baixinho.
Se a reza se dava por aquilo que vira nas cartas ou por culpa de a elas ter recorrido ( Margarida era católica apostólica romana e temente a Deus ), isso não vem ao caso. Rezava em busca de um horizonte que as janelas do apartamento não mostravam. "Rezava para não chorar!", Vitalina certamente diria.
Texto extraído de meu livro Guadalupe e as Bruxas, publicado pela Editora Planeta.
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