o fio e o pano,
um olhar de moça assustada
estica-se como um elástico
pronto a prender um rabo-de-cavalo.
Sensação de roupa na corda,
vento com cheiro de água sanitária
Uma lambida de cloro
Arreganhar de pernas
Lavadeiras modernas
Eternas.
Entre o sabão e as águas vaginais
a liberdade das perversões
agitadas nos varais.
Desvios oclusos
sinais vesgos.
Enxágüe e não deixe pistas,
a menor mancha
pode estragar o trabalho.
Esfregue as pregas
e as bordas.
Lave e enxágüe à noite.
Cuidado com corantes.
Um dia as duas chegaram com folhas de papel celofane, linha e cerol. Perguntei se faríamos uma pipa. Se despiram, abriram os braços e responderam: “Vem voar com a gente menina. A pipa fica para os meninos!”
3 comentários:
What a beautiful expression..
I am out to see that..
Please post new also, I am eager..
Because I am an artist...in a poetic way..I compose poetry...
I just loved ur blog..
Zeneric" from INDIA
Ao ler seu poema, imediatamente a cena da minha avó lavando roupas me veio a mente. Eu tinha 5 ou 6 anos de idade, mas ainda tenho essa lembrança muito viva na memória (nem eu sabia). Uma época em que não existia máquina de lavar, e ela tinha um imenso varal de chão, feito à mão, onde esticava algumas das roupas. Era um ritual diário. Mas ela mandou fazer dois tanques, um ao lado do outro (um para esfregar e outro para enxaguar)... era seu orgulho.
Obrigada Márcia, por trazer à tona uma lembrança gostosa.
beijos
Mulher...Você tem o poder de transformar meu dia e me dá um sorrisão desses bem largos que demoram a se desmontar. Estou apaixonada. Que lindo esse seu dom de fazer tudo tão bonito com esses dedos mágicos. Me vi criança, me vi mulher, me vi velhinha. Obrigada pelo convite. Amo sua " cabeça". Admiro seu talento. Obrigada!
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