lavavam lençóis e cerziam os buracos das meias
tricotavam a vida com linhas e laços sem nós
como duas aranhas a tecer teias.
Vita bordava jardins em ballet de linhas
remendava o mundo num bem-me-quer.
Virgínia rezava Ave Marias e Salve Rainhas
para um deus transformado em mulher.
Costuravam fantasias e bordavam caminhos
Decifravam enigmas e corriam na contramão
Exalavam maresia e ventavam moinhos
Refogavam sonhos no fogão.
Vita me deu a fúria dos mares bravios
a saudade do porto e a fome das navegações.
Virgínia deu-me a química dos desafios
os pontos, as vírgulas e as interrogações.
Quando morreram, não viraram estátuas de praça
e lentamente a fumaça do tempo as foi levando.
Hoje, quando tudo está vazio e sem graça
me visto com as duas e na Orla Ando.
Certa vez uma cartomante me disse que os fantasmas de duas mulheres me atormentavam. Sugeriu um trabalho. Pediu dinheiro e alguns badulaques. Ficou furiosa quando eu respondi que lhe daria em dobro, contanto que as duas ficassem.
7 comentários:
"Cerzir as meias"!
Faz muito que não ouvia esta expressão. Vou ter que recuperar o verbo para o usar um destes dias.
Obrigado pela lembrança!
Belas lembranças...
Tá tudo muito lindo aqui no seu blog.
E as coisas que você escreve também são lindas!Beijos!!!
Adorei o blog! parabéns!
Não prometo comentar sempre, mas passar p. ler tuas linhas com certerza!
Bjos
as memórias são coisas fascinantes... aliás a nossa cabeça...
é sempre um prazer ler os seus textos
vim xeretar seu blogg ja, o amor q vc tem por suas antepassadas é admiravel, tz seja isso q te faça ser tb admiravel. mil luas!
Beth Ghimel
gostei do que vi por aqui. posso linkar?
www.jorgeanabraga.zip.net
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