Vita rezava para a Lua. Na sacada da varanda conversava com a mulher azul que chegava no finzinho da tarde. Conversa prateada, trançada, estrelada. Vita lhe confiava segredos. A lua, desejos. De tão íntimas, eram uma. Vita era Lua e Lua era Vita. Vitalua, Luavita. Duas moças anciãs à espera de um namorado.
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Virgínia rezava para Fátima. No avarandado do fundo da casa conversava com a moça azul que chegava ao final da tarde. Conversa azulada, encantada, refogada. A moça ajudava o preparo da janta enquanto Virgínia orava e catava feijões. Orações culinárias, ensopadas, encorpadas. De tão íntimas, eram uma. Virgínia era Fátima e Fátima era Virgínia. Uma era virgem. A outra, nem tanto.
Vitalina detestava carros, ônibus, trens, aviões, e navios. Dizia que os pés eram amantes das estradas, e que os caminhos, o destino das solas...
Bulgáricas
Eu nunca fui à Bulgária
E muito menos conheci um búlgaro
De lá não pude trazer nada
E mesmo se pudesse
A alfândega confiscava!
Aliás, no dia que consegui o visto
O aeroporto estava em greve.
Fui então ao açougue e comprei um bife
Um pedaço de bull sangrento
Suculento
Que na frigideira
Como Zeus
Me deu a Europa!
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4 comentários:
tá fixe. boas escrituras. melhores comentários. e, pudera, quem escreve assim só podia ter como filho o melhor escritor do mundo. e eu que pensava que era eu. até que enfim.
"Vitalina detestava carros, ônibus, trens, aviões, e navios. Dizia que os pés eram amantes das estradas, e que os caminhos, o destino das solas..."
Perfeito!
Beijosss
Sou fã de Márcia.
Tudo que ela escreve mexe comigo.
Isso pra mim já é muito!
Parabéns.
Beijo do admirador.
João Camargo.
Um beijo...
Nelson
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