terça-feira, 25 de agosto de 2009

Caixas & Orfandade

Seis dias órfãos. Seis dias de vãs tentativas de guardar cheiros, sorrisos, toques, suspiros, olhares... dentro de caixas. Mas caixas só guardam roupas, sapatos e objetos. Caixas não guardam almas. Caixas são desalmadas. Caixas encaixotam corpos que ficam largados, esquecidos em buracos ocos. Caixas sufocam, caixas desalmam...
Amor a gente guarda no coração sangrado, apertado de lembranças que morrem de medo de um dia serem esquecidas...

Obs: não tenho palavras para agradecer o carinho que recebi de amigos tão especiais. É tão bom ter amigos...

Obs2: na foto, Maria Luiza, minha mãe, ainda menina. Dando um tchau para nós.

3 comentários:

Fabiano Rocha disse...

Lendo suas lindas palavras,me recordei da bela poesia do nosso querido Antonio Cicero:

"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar."

Elaine Cilotti Fratta disse...

"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."

Mário Quintana

Realmente as lembranças não são guardadas em caixas, pois elas tem vida propria e a cada pouco vem nos visitar, trazendo sempre de presente um pedacinho de quem partiu.
Beijos e fique bem.

Ivana Mihanovich disse...

Cara Marcia,
Conheci você há muito, muito tempo atrás.Melhor seria dizer que te vi apenas. Talvez eu tenha dito alguma trivialidade, enquanto você autografava o "Revelações de uma Bruxa", n'alguma Bienal da vida.
Eu andava pescando os aromas do Invisível, tateando o Tarot e ouvindo teu livro, mas era cedo e eu tinha ainda muitos itens visíveis a computar. Entrei em tudo até me perder e então fui reencontrando as pedrinhas e reabrindo caminhos. Teu livro ficou cheio de orelhas, rastros de tinta, pingos de molho e sombras de geléias, como ficam todas as minhas fontes - que andam comigo vida e cozinha afora.
E agora, 20 anos depois, quando oficializo meu Tarot e caminho um tanto mais serenamente em direção a mim mesma, releio você, como se teu caminhar fosse meu amuleto, uma das fontes que sussurra que é possível.
Me intrometo em teu blog, quero saber como você está e quais são todos os outros livros teus que nunca comprei e agora quero ler e fico sabendo da tua orfandade, da tua despedida.
Minha mãe foi embora magicamente em agosto de 2008, um ano antes, se é que há o antes ou o depois.
Caixas são mesmo desalmadas e mais nos confundem: é um pedaço nosso que vai ou uma parte delas que fica?
Mas depois de atravessar tantas luas pesquisando isso tudo, aparece outra coisa em mim: nem ela, nem aquela eu. É uma outra, como um caleidoscópio que finalmente montasse um desenho diverso, novo e interessante. E, sim, vejo claramente que sou eu.
Sopro serenidade e júbilo em tua direção (que racionalmente sequer sei qual é, mas os ventos não precisam de mim para isso) e te agradeço muito pela partilha do "Revelações..." - ele é um dos vidros coloridos dessa minha nova mandala.
E te deixo beijos solares, pois os lunares você me deixou com teu autógrafo e me nego a devolvê-los - por hora.
Ivana Mihanovich
mihatarot@gmail.com
http://tarotluminar.blogspot.com/

Chet

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